segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Preguiça


Entrem, 
sejam bem-vindos ao meu campo,
esbanjem da minha Anfitrialidade.

Esqueçam,
tirem os sapatos para sentirem
com os pés a minha essência,
deixem as lembranças 
a Serviço do tempo,
poeirisse.

Descansem,
fechem os olhos como quem sonha,
e nada enseja, tudo deseja.
Pobres são aqueles que entregam suas vidas
ao Diabo do esforço.

Vagos dias, vastos, fartos.
Sacerdócios.

Adormeçam,
envolvidos pelo meu ócio,
deserdem os medidores do tempo
livrem os pulsos dos percursos,
repulsos.

Confiem a mim os teus dias.




Priscyla Alves



quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O Meu Manifesto

 Manifesto de cumplicidade, de lealdade, de fraqueza, de felicidade, de confiança, de insegurança, de desejo, de orgulho, de carinho, de saudade, de euforia... o meu manifesto de amor pleno.
 É no homem que eu amo que eu me manifesto, é olhando para ele que é possível ver o meu fiel reflexo. Não há ele sem mim, e eu não sou se não o houver.







Priscyla Alves

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Dúvida



           " Ser, ou não ser, eis a questão: será mais nobre

Em nosso espírito sofrer pedras e setas
Com que a Fortuna, enfurecida, nos alveja,
Ou insurgir-nos contra um mar de provocações
E em luta pôr-lhes fim? Morrer.. dormir: não mais.
Dizer que rematamos com um sono a angústia
E as mil pelejas naturais-herança do homem:
Morrer para dormir... é uma consumação
Que bem merece e desejamos com fervor.
Dormir... Talvez sonhar: eis onde surge o obstáculo:
Pois quando livres do tumulto da existência,
No repouso da morte o sonho que tenhamos
Devem fazer-nos hesitar: eis a suspeita
Que impõe tão longa vida aos nossos infortúnios.
Quem sofreria os relhos e a irrisão do mundo,
O agravo do opressor, a afronta do orgulhoso,
Toda a lancinação do mal-prezado amor,
A insolência oficial, as dilações da lei,
Os doestos que dos nulos têm de suportar
O mérito paciente, quem o sofreria,
Quando alcançasse a mais perfeita quitação
Com a ponta de um punhal? Quem levaria fardos,
Gemendo e suando sob a vida fatigante,
Se o receio de alguma coisa após a morte,
–Essa região desconhecida cujas raias
Jamais viajante algum atravessou de volta –
Não nos pusesse a voar para outros, não sabidos?
O pensamento assim nos acovarda, e assim
É que se cobre a tez normal da decisão
Com o tom pálido e enfermo da melancolia;
E desde que nos prendam tais cogitações,
Empresas de alto escopo e que bem alto planam
Desviam-se de rumo e cessam até mesmo
De se chamar ação [...]"


- Ato III, Cena I: Príncipe Hamlet

















Hamlet Polaco. Retrato de Aleksandr Wielopolski
          1903, Museu Nacional de Varsóvia

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Eis o amor

  O medo de perder, reaproxima. Hoje quando me vi presa em um hospital, esperando aflita e impotente, notícias sobre a cirurgia de meu irmão, foi que percebi o quanto aquele projeto de homem significa na minha vida, e agora mal posso esperar para tê-lo novamente tirando-me a paciência em casa - lá sim é o seu lugar, seu pequeno "reinado das trevas".

Priscyla Alves